Um texto de Henri Nouwen para cada dia da Quaresma
7. Orar com o coração
Encontramos a melhor formulação da oração do coração nas palavras do místico russo Teófano, o Recluso: “Rezar é descer com a mente ao coração e ali ficar diante da face do Senhor, omnipresente, omnividente dentro de nós”. (…) Ali habita o Espírito de Deus e ali acontece o grande encontro. Ali, coração fala a coração, porque ali ficamos diante da face do Senhor, omnividente, dentro de nós (…). Um dos monges do deserto, Macário, o Grande, diz: “A tarefa principal do atleta (isto é, do monge) é entrar em seu coração”. Isso não significa que o monge deva procura encher sua oração de sentimento; significa que deve esforçar-se para deixar que ela remodele toda a sua pessoa. O discernimento mais profundo dos monges do deserto é que entrar no coração é entrar no Reino de Deus. Em outras palavras, o caminho para Deus é pelo coração. Isaac, o Sírio, escreve: “Procura entrar na câmara do tesouro… que está dentro de ti e então descobrirás a câmara do tesouro do céu. Pois ambas são a mesma coisa. Se conseguires entrar em uma, verás ambas. A escada para este Reino está escondida dentro de ti, em tua alma. Se purificares a alma, ali verás os degraus da escada que deves subir.” E João de Cárpato diz: “É preciso grande esforço e luta na oração para alcançar aquele estado da mente que é livre de toda perturbação; é um céu dentro do coração (literalmente ‘intracardíaco’), o lugar onde, como o apóstolo Paulo assegura, “Cristo está em vós” (2Cor 13,5).
Henri Nouwen
em A Espiritualidade do Deserto e o Ministério Contemporâneo – O Caminho do Coração”