Um texto de Henri Nouwen para cada dia da Quaresma

9. Orar incessantemente

9. Orar incessantemente

A segunda característica da oração do coração é ser incessante. A pergunta de como seguir a ordem de Paulo: “Orai incessantemente” foi fundamental no hesicasmo desde a época dos monges do deserto até a Rússia oitocentista. Há muitos exemplos desse interesse nos dois extremos da tradição hesicástica. (…) Na famosa história do Peregrino Russo lemos: “Pela graça de Deus sou cristão, mas pelas minhas acções sou um grande pecador… No vigésimo quarto domingo depois de Pentecostes, fui à igreja para ali fazer minhas orações durante a liturgia. Estava sendo lida a primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses e, entre outras palavras, ouvi estas: ‘Orai incessantemente’ (1Ts 5,17). Foi esse texto, mais que qualquer outro, que se inculcou em minha mente, e comecei a pensar como seria possível rezar incessantemente, já que um homem tem de se preocupar também com outras coisas a fim de ganhar a vida”. O camponês encontrou um santo staretz que lhe (…) ensinou a “oração de Jesus”: “Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim”. Enquanto viajava como peregrino pela Rússia, o camponês passou a repetir essa oração com os lábios. Até considerava a oração de Jesus sua companheira verdadeira. E, então, um dia, teve a sensação de que a oração passou sozinha de seus lábios para seu coração. Ele diz: “… parecia que, pulsando normalmente, meu coração começava a dizer as palavras da oração a cada batida… Desisti de dizer a oração com os lábios. Passei simplesmente a ouvir o que meu coração dizia”. – Henri Nouwen em A Espiritualidade do Deserto e o Ministério Contemporâneo – O Caminho do Coração