21° Domingo do Tempo Comum (ciclo C)
Lucas 13,22-30

Referências bíblicas:
1a leitura: Isaías 66,18-21
2a leitura: Hebreus 12,5-7.11-13
Evangelho: Lucas 13,22-30
Naquele tempo, 22Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. 23Alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?”
Jesus respondeu: 24“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. 25Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.
26Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!’
27Ele, porém, responderá: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim, todos vós, que praticais a injustiça!’
28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora. 29Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. 30E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”.
Os últimos que serão os primeiros
Marcel Domergue, sj
A hora do fechamento da porta
A pergunta feita a Jesus, a respeito do número dos que serão salvos, se pequeno ou grande, permanece de diversas formas presente no espírito de muitos cristãos. Será que todo o mundo participará da vida eterna ou haverá excluídos? Não faz tanto tempo que, quanto a isto, os jansenistas deram provas de um pessimismo deprimente. O que Jesus responde? Antes de tudo, faz os interlocutores se voltarem para si mesmos: “Fazei todo esforço para entrar…” É que a pergunta foi mal formulada: quem o interrogou falou em “ser salvo “, como se a salvação caísse em cima de nós, por uma arbitrariedade divina. A salvação consiste em compartilharmos a vida mesma de Deus, indestrutível. Ela nos é sempre oferecida, sendo necessário, contudo, que nos esforcemos para ganhá-la; depende, portanto, da nossa liberdade e, mais profundamente, da nossa fé no amor de Deus por nós. Depois de deixar isto claro, Jesus fazz propostas difíceis de ouvir e compreender. Que a porta seja estreita ainda vai, falaremos disto depois; mas que a porta esteja antes aberta e que depois seja fechada, nos leva a interrogar sobre o tempo e o significado deste fechamento. Como se dá que pessoas que não tenham se esforçado para entrar busquem fazê-lo de repente? Minha resposta é tímida e pouco tranquilizadora: a porta se fecha quando a verdade da mensagem do Cristo nos é revelada plenamente, na hora do que chamamos de “a sua vinda na glória”. Então, a fé não será mais necessária nem possível, uma vez que o veremos sem contestação possível. Mas é a fé que salva, a fé na Palavra dada.
A porta estreita
Então, isto não é muito encorajador e irá exigir algumas correções. Enquanto esperamos, interroguemo-nos sobre a porta estreita. Esta porta significa, a meu ver, a Páscoa, que é a “passagem” do mundo para o Pai. “Do Senhor são as portas da morte” (Salmo 68,21). Estas “portas” são as portas de saída e não se pode impedir-nos de pensar no Êxodo. João 10 retoma estas imagens: nos versículos 2-4, apresenta Jesus como aquele que faz passar as ovelhas pela porta; no versículo 9, torna-se ele mesmo a porta e ninguém nem entra e nem sai sem passar por ele. Trata-se, pois, de fazer nosso o seu itinerário pascal que atravessa a morte para entrar na vida, sabendo bem que é por ele e nele que percorremos este caminho. Esta é a porta estreita. O que é preciso fazer para seguir por ela? Nada; nada de particular, porque a existência humana mesma já se encarrega de nos fornecer os caminhos da cruz. Tudo que temos que fazer é percorrer estes caminhos na fé. E a fé nos diz que é por aí mesmo que podemos nos encontrar com o Cristo em sua travessia para a vida. Fazemos nossos, assim, os sentimentos e atitudes do Cristo, que dá a sua vida pelos seus irmãos: a fé pascal gera o amor. O percurso do Cristo, tal como descrito em Filipenses 2,5, torna-se o nosso próprio percurso: “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus.” Nós também, com ele, nos encontramos “na glória do Deus Pai”.
A função da profecia
O mesmo Jesus que segundo Lucas em geral é tão benevolente, fala, no entanto, de “muitos” candidatos a entrar, mas que, finalmente, são rejeitados. A versão de Mateus (7,13-14) é muito mais radical: aos “muitos”, ele opõe os “poucos” que encontram a porta. Jesus responde, então, finalmente, à pergunta que lhe foi posta sobre o número dos eleitos e estamos longe das perspectivas tranquilizantes de Apocalipse 7. Antes de ceder ao desencorajamento, devemos notar que as “previsões” de Jesus podem ser consideradas como profecias; elas têm este estilo. Ora, como observou o Os últimos que serão os primeiros, profecias “catastróficas” são feitas para que o que anunciam não se produza. Exemplo típico é o de Jonas que percorria Nínive proclamando: “Ainda 40 dias e Nínive será destruída.” Então, os habitantes da cidade se converteram e o desastre não aconteceu (Jonas 3,3-10). Podemos aplicar este esquema ao nosso evangelho: estamos a caminho de Jerusalém, onde Jesus será crucificado: Ele sabe que a cruz será o caminho da vida. Suas palavras têm por finalidade advertir os seus discípulos a não perderem a porta. Nenhum título, nem mesmo a familiaridade com Jesus (v. 26) nem uma “vida espiritual fervorosa” poderão servir como direito de entrada. Os discípulos, no entanto, ao fugirem, perderam completamente a porta de entrada. A maravilha é que o amor de Deus por eles não se resfriou por causa disto e, assim, puderam retomar o seguimento de Jesus.
Confiança sim, frivolidade, não
José Antonio Pagola
A sociedade moderna vai impondo cada vez mais força, um estilo de vida marcado pelo pragmatismo do imediato. Pouco interessam as grandes questões da existência. Já não temos certezas firmes ou convicções profundas. Pouco a pouco, estamos convertendo-nos em seres triviais, carregados de tópicos, sem consistências interiores nem ideais que alentem o nosso viver diário, para além do bem-estar e da segurança do momento.
É muito significativo observar a atitude generalizada de muitos cristãos diante da questão da «salvação eterna» que tanto preocupava há não muitos anos: muitos a apagaram, sem mais, da sua consciência; alguns ainda sentem-se com direito a um «final feliz»; outros já não pensam nem em prêmios ou castigos.
Segundo o relato de Lucas, um desconhecido faz a Jesus uma pergunta frequente naquela sociedade religiosa: «Serão poucos os que se salvam?». Jesus não responde diretamente à sua pergunta. Não lhe interessa especular sobre esse tipo de questões, tão queridas por alguns mestres da época. Vai diretamente ao essencial e decisivo: como devemos agir para não sermos excluídos da salvação que Deus oferece a todos?
«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita». Estas são as suas primeiras palavras. Deus abre-nos a todos a porta da vida eterna, mas devemos esforçar-nos e trabalhar para entrar por ela. Esta é a atitude saudável. Confiança em Deus, sim; frivolidade, despreocupação e falsas seguranças, não.
Jesus insiste, acima de tudo, em não nos enganar com falsas seguranças. Não é suficiente pertencer ao povo de Israel; não é suficiente ter conhecido pessoalmente Jesus nos caminhos da Galileia. O decisivo é entrar desde agora no reino de Deus e da Sua justiça. De fato, aqueles que são deixados de fora do banquete final são, literalmente, «aqueles que praticam a injustiça».
Jesus convida à confiança e à responsabilidade. No banquete final do reino de Deus não se sentarão somente os patriarcas e profetas de Israel. Estarão também pagãos vindos de todos os cantos do mundo. Estar dentro ou estar fora depende de como cada um deles responde à salvação que Deus oferece a todos.
Jesus termina com um provérbio que resume sua mensagem. Em relação ao reino de Deus, «há últimos que serão os primeiros e primeiros que serão os últimos». Sua advertência é clara. Alguns que se sentem seguros de serem admitidos podem ficar de fora. Outros que parecem excluídos de antemão podem ficar dentro.
‘Lutem para entrar pela porta estreita”
Enzo Bianchi
O Evangelho segundo Lucas nos apresenta uma página na qual o evangelista reagrupou palavras de Jesus derivadas da tradição oral e da fonte escrita comum tanto a ele quanto a Mateus, que, por sua vez, colocou-as em contextos diferentes (cf. Mt 7,13-14.22-23; 8,11; 19,30; 20,16; 25,10-12).
Neste trecho, lemos palavras de Jesus certamente duras, ásperas, que expressam exigências radicais, severas e que parecem até ameaçadoras. Jesus parece ser aqui o profeta que admoesta, adverte, ameaça – como fazia o seu mestre João Batista – para sacudir os ouvintes e colocá-los diante das exigências do Reino, no qual se pode entrar através de um “juízo” que não olhará para os comportamentos externos, mesmo que religiosos, dos seres humanos, mas ao fato de se ter aceitado ser ou não conhecidos pelo Senhor.
Nós acolhemos essas palavras como boa notícia sobretudo porque não são a última palavra de Jesus e, ao mesmo tempo, porque tentam nos despertar do torpor espiritual, do hábito à devoção, do fato de não nos comprometermos com o seu seguimento. Escutemos, portanto, essas apotegmas de Jesus sem adocicar, como às vezes somos tentados a fazer, a sua mensagem, que nos indica o caminho da salvação.
Durante a sua subida para Jerusalém, passando por cidades e vilarejos e pregando como um profeta para aqueles que vinham escutá-lo, Jesus ouve esta pergunta ser-lhe dirigida por alguém no meio da multidão: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?”. É uma pergunta que habita os nossos corações ainda hoje: a salvação será reservada para poucos justos, ou a misericórdia de Deus abrirá as portas do céu para muitos? Em cada fiel, há perguntas candentes que podem se tornar dúvidas que atormentam, por isso essa pessoa faz essa interrogação a Jesus chamando-o de Kýrios, Senhor, portanto com uma certa fé-confiança nele.
Jesus não responde diretamente, mas proclama com clareza o que é urgente para todos aqueles que o escutam: “Lutai (agonízesthe) para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”. O que Jesus evidencia, negando um interesse pelo número dos salvos, é a necessidade, a urgência da luta.
No nosso caminho para o Reino, há uma luta a ser travada, uma luta dura, que é “o bom combate da fé” (1Timóteo 6,12) contra um adversário, um opositor, um poderoso, que é Satanás. Nada de ilusões: o seguimento de Jesus tem um preço alto, custa esforço e compromisso, requer combater com armas espirituais, às vezes até a agonia, à luta diante da morte, como Jesus a viveu (cf. Lc 22,44). A porta estreita não quer impedir a entrada, mas revela que só quem sabe lutar, só quem sabe que a meta é o reino de Deus, poderá ultrapassá-la. Por isso, é preciso estar equipado e vigilante para chegar a tempo, antes que a pequena porta, a última chance, seja fechada. Porque, assim como em cada cidade, uma vez caída a noite, são fechadas primeiro a grande porta, depois a portinha: então, ninguém mais poderá entrar…
Jesus, portanto, adverte os ouvintes: “Do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor (Kýrie), abre-nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’”. Aqueles que permaneceram do lado de fora, porém, não desistem, mas continuam rezando e pedindo que a porta seja aberta, recordando as suas relações com o próprio Senhor, todas relações religiosas. De fato, eles dizem: “Nós comemos e bebemos diante de ti, celebrando a tua ceia: a Eucaristia! E te escutamos quando ensinaste em nossas praças!”. Aos seus olhos, essa vivência, considerada como proximidade e comunhão com o Senhor, deveria mudar a sua decisão e, portanto, induzi-lo a abrir a porta para pessoas que se consideram conhecidas por ele, que acham que podem se orgulhar de méritos devidos à pertença religiosa e ao cumprimento dos atos de culto, certamente necessários, mas não suficientes, se não forem acompanhados pela realização concreta da vontade do Senhor.
De fato, o próprio Senhor, inexorável, dirá: “Afastai-vos de mim, porque fostes operadores de injustiça! Não sei de onde sois, nunca vos conheci!”. O Senhor contesta a verdade de uma proximidade e de uma comunhão gabada por aqueles que são rejeitados, porque julga que, durante a vida, não trabalharam pela justiça, foram malfeitores, embora formalmente escutassem a pregação de Jesus e tenham sido hóspedes à sua mesa.
Naquele dia, quando à porta do Reino tivermos que escutar o juízo do Senhor sobre nós, aos seus olhos, não importarão a pertença à sua comunidade, a frequentação da sua Palavra e da Eucaristia. De fato, esses são meios para fazer o bem, a justiça e chegar à caridade: mas se o bem e a justiça não forem realizados na vida, no comportamento, nas relações entre nós e os outros, então tais meios serão destacados por Jesus como um engano que nós vivemos…
Essa é uma advertência que nós, cristãos, que nos dizemos discípulos e discípulas de Jesus, não levamos a sério. Infelizmente, os nossos gestos litúrgicos, a pertença à paróquia, a frequentação dos pastores colocados pelo Senhor na sua igreja, muitas vezes podem se tornar seguranças falsas, que quase nos impedem de nos perguntar se cotidianamente somos operadores do bem, ou seja, se temos um comportamento que alimenta o bem comum, ou operadores do mal, com palavras que dividem e caluniam, com sentimentos de inimizade e de orgulho, com comportamento omissos, que não fazem o bem e contradizem a caridade.
Talvez não cometamos o mal semeando violência, mas basta pensarmos no nosso comportamento omisso, em quando não vemos o outro e não nos comprometemos com quem está necessitado, faminto, sedento, imigrante, nu, doente, na prisão (cf. Mt 25,31-46)… Cremos que estamos na intimidade com o Senhor, assíduos na sua presença, ouvintes da sua Palavra, nutridos pelos sacramentos, mas nos perguntemos se isso corresponde àquilo que o Senhor pede como compromisso, urgência, amor pelos outros.
E, então, acontecerá também que justamente aqueles “dentro” (éso), pertencentes à comunidade cristã, à Igreja, rejeitados à porta do Reino, verão aqueles que estavam “fora” (éxo) e eram distantes, os não pertencentes à comunidade de Jesus, sentados à mesa do banquete do Reino com Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas. Santo Agostinho também dirá: “Naquele dia, muitos que se consideravam dentro se descobrirão fora, enquanto muitos que pensavam que estavam fora se encontrarão dentro”. Inversão da situação e das prioridades: os primeiros convidados, os primeiros destinatários da boa notícia parecerão os últimos, até mesmo estarão fora do Reino, enquanto precisamente aqueles que não se supunham próximos de Deus encontrarão um lugar no banquete do Reino.
Para mim e para vocês, leitores, recordo que este evangelho pede a cada um de nós um discernimento: eu sou apenas um homem religioso, que se diz cristão, que reza, que participa da Eucaristia, mas na realidade eu tenho uma vida não conforme com a vontade do Senhor Jesus, ou sou alguém que, indo à oração, nutrindo-me da Palavra e da Eucaristia, como um mendigo que tira forças delas, tenta todos os dias ser um discípulo do Senhor, tenta ser coerente entre aquilo que pensa, diz e vive cotidianamente, invocando como um mendigo a misericórdia do Senhor?
Essas palavras de Jesus, portanto, nos chamam à conversão, à consciência dos nossos pecados e a não nos sentirmos garantidos por pertenças ou gestos religiosos: se recebemos dons de Deus, estes não são privilégios, mas sim responsabilidades. Por isso, “os primeiros”, se não forem coerentes com a boa notícia do Evangelho, tornam-se os últimos e, entre os últimos, alguns se tornam primeiros, porque procuraram acima de tudo entrar no Reino pela porta que é Cristo (cf. Jo 10,7.9), porta sempre aberta, desde a sua vinda entre nós até “hoje” (Hb 3,13), e sempre “porta de misericórdia”, “porta que dá graça”, mesmo que a um alto preço.
Esta porta é o próprio Jesus
Papa Francisco
O Evangelho de hoje convida-nos a meditar sobre o tema da salvação. Jesus sobe da Galileia rumo à cidade de Jerusalém e, ao longo do caminho, alguém — narra o evangelista Lucas — aproxima-se dele e pergunta-lhe: «Senhor, são poucos os homens que se salvam?» (13, 23). Jesus não responde de maneira directa à pergunta: não é importante saber quantos se salvam, mas é importante saber sobretudo qual é o caminho da salvação. Eis, então, que a esta pergunta Jesus responde dizendo: «Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não conseguirão» (v. 24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E porque Jesus fala de uma porta estreita?
A imagem da porta volta várias vezes no Evangelho e evoca a porta da casa, do lar, onde encontramos segurança, amor e calor. Jesus diz-nos que existe uma porta que nos faz entrar na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é o próprio Jesus (cf. Jo 10, 9). Ele é a porta. É a passagem para a salvação. É Ele que nos conduz ao Pai. E a porta que é Jesus nunca está fechada; esta porta nunca está fechada, mas permanece aberta sempre, e para todos, sem distinções, sem exclusões nem privilégios. Porque, sabeis, Jesus não exclui ninguém. Alguém dentre vós talvez me possa dizer: «Mas Padre, eu certamente estou excluído, porque sou um grande pecador: fiz muitas coisas feias na vida». Não, não estás excluído! Precisamente por isso tu és o preferido, porque Jesus prefere sempre o pecador, para o perdoar, para o amar. Jesus está à tua espera para te abraçar, para te perdoar: Ele está à sua espera. Coragem, anima-te para entrares pela sua porta. Todos estão convidados a passar por esta porta, a cruzar a porta da fé, a entrar na sua vida e a fazê-lo entrar na nossa vida, para que Ele a transforme, renove e infunda a alegria plena e duradoura.
Nos dias de hoje passamos diante de muitas portas que convidam a entrar, prometendo uma felicidade que depois observamos que dura apenas um instante, que se esgota em si mesma e não tem futuro. Mas eu pergunto-vos: por qual porta queremos entrar? E quem desejamos fazer entrar pela porta da nossa vida? Gostaria de dizer vigorosamente: não tenhamos medo de passar pela porta da fé em Jesus, de deixar que Ele entre cada vez mais na nossa vida, de sair dos nossos egoísmos, dos nossos limites e das nossas indiferenças em relação ao próximo. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que jamais se apaga. Não é um fogo de artifício, nem um flash! Não, é uma luz suave, que dura sempre e nos dá a paz. Esta é a luz que encontraremos, se entrarmos pela porta de Jesus.
Sem dúvida, a porta de Jesus é estreita, mas não porque é uma sala de tortura. Não, não por isso! Mas porque nos pede para abrir o nosso coração a Ele, que nos reconheçamos pecadores, necessitados da sua salvação, do seu perdão, do seu amor, que tenhamos a humildade de acolher a sua misericórdia e de nos deixarmos renovar por Ele. No Evangelho, Jesus diz-nos que ser cristão não é ter uma «etiqueta»! Pergunto-vos: vós sois cristãos de etiqueta, ou de verdade? E cada um responda dentro de si! Não cristãos, nunca cristãos de etiqueta! Cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, na promoção da justiça e na realização do bem. toda a nossa vida deve passar pela porta estreita, que é Cristo.
À Virgem Maria, Porta do Céu, peçamos que nos ajude a cruzar a porta da fé, a deixar que o seu Filho transforme a nossa existência, como transformou a sua, para anunciar a todos a alegria do Evangelho.
Angelus 25.8.2013