
O CORAÇÃO EUCARÍSTICO DE JESUS, CORAÇÃO DE AMIGO.
1 – Em todas as culturas o coração é símbolo do amor. JESUS escolheu este sinal para mostrar-nos os sentimentos de sua alma, o que pensa e deseja, o projeto de santificar-nos e salvar-nos por amor.
Cristo institui a Eucaristia -dom de seu coração- porque quis amar-nos até o extremo, e quis permanecer conosco, na sua Igreja, até a consumação dos séculos Jo 13,1; Mt 28,20. Um coração de carne palpita, sem cessar, de amor por nós desde quase 2.000 anos; ora em todos os altares e sacrários do mundo e alimenta a todos os que o recebem na Comunhão. A participação na vida sacramental revive em nós a lembrança amorosa do amor humano e divino de JESUS para conosco.
2 – A graça da Eucaristia é a união com JESUS. Os outros sacramentos nos dispõem para receber a Eucaristia. Assim, o sacramento da reconciliação tira os obstáculos (os pecados) que se opõem à união com Cristo na Comunhão. O batismo nos abre as portas do Sacrário: se não se está batizado não pode receber-se a Eucaristia. O sacramento do matrimônio santifica e comunica a união com Cristo porque contém em si o desejo da Eucaristia. Do lado aberto de JESUS, do seu coração, jorraram sangue e água, quer dizer, a graça de cada um dos seis sacramentos que conduzem à Eucaristia (Jo 19,34).
3 – JESUS amou os seus, que o acompanharam no mundo; amou-os até o extremo. Entregou-se a eles totalmente, sem negar-lhes nada. Quando contemplamos a Sagrada Hóstia, contemplamos o Coração de JESUS que nos amou até o extremo da cruz, da efusão do sangue, da total doação, ensinando-nos o caminho do amor que se dá. Naquela noite de quinta feira santa, JESUS:
- entregou-nos o testamento do amor (amai-vos uns aos outros como eu vos amei, Jo 15,12);
- deu-nos o sacramento do amor. “Não existe gesto mais amoroso de nosso Salvador que este dom (da Eucaristia), no qual se abaixa até nós e dá-se como alimento para saciar nossas almas e para unir-se de uma forma mais íntima ao coração de seus amigos” (S. Francisco de Sales);
- ofereceu-nos o seu sangue, que seria “derramado para remissão dos pecados” (Mt 26,28), bebida que apaga nossa sede; e a sua carne, pão da vida que sacia nossa fome;
- deu-nos o sacerdócio que perpetua o perdão e a ação reconciliadora de Deus e garante a contínua presença do seu Coração Eucarístico em nossos templos: “O Santíssimo Sacramento é o coração vivo de cada uma de nossas igrejas” disse o Papa Paulo VI. “JESUS permanece no sacrário como prisioneiro do amor; preso, para que nós sejamos livres” diz Santa Teresinha.
4 – Esse é o verdadeiro amor. “O amor consiste mais em obras que em palavras”, ensina Sto. Inácio de Loyola. Assim nos amou e ama JESUS, que “passou pelo mundo fazendo o bem” (At 10,38). Seu amor é:
a- amor sensível:
- derrama lágrimas por Lázaro e sente grande comoção Jo 11, 33-40;
- chora por Jerusalém e o povo escolhido Lc 19, 41-45;
- sente um zelo devorador pelo Pai que o leva a expulsar os vendedores Mc 11, 15-20;
- sente um grande afeto pelos discípulos “amou-os até o extremo” Jo 13,1; “já não vos chamo servos… chamo-vos amigos” Jo 15,15;
- amor que sofre temor, angústia, tristeza… até suar sangue Lc 22, 39-47;
- amor que sofre a dor do desamparo “Pai, por que me abandonaste?” Mt 27,46:
- amor a todos: crianças e jovens, doentes e famintos…
b- amor espiritual: Age sempre pelo agrado do Pai (não pelo dinheiro, pelo poder…):
- amor ao Pai “eis-me aqui… para fazer a tua vontade” Hebr 10,7; “obedeço, cumpro o mandato do Pai para que o mundo conheça que o amo” Jo 14,31;
- amor apostólico aos homens: restabelecia a saúde, “falava-lhes do Reino dos céus… deu comida a 5.000 homens” Lc 9, 11-17. É o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas Jo 10,9;
- amor exemplar: “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” Mt 11, 49;
- amor paciente, com os apóstolos: explica-lhes à parte as coisas que não compreendiam Lc 8,9; e com o povo: a multidão o aperta mas acolhe pacientemente a hemorroíssa; zombam dele mas ressuscita a filha de Jairo Lc 8, 40-56; é escarnecido na cruz mas perdoa os carrascos Lc 23, 24;
- amor orante: a oração de JESUS é profunda e perseverante, na alvorada, na tardinha, à noite, “ia passar a noite no Monte das Oliveiras” Mt 14,23; Mc 1,35; Lc 21,37.
- amor de abandono no Pai: “Amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou” disse ele preparando-se para sua iminente paixão Jo 14,31.
c- amor divino: O coração de JESUS é sinal e instrumento do amor de Deus. Ser amado pelo coração de Cristo é ser amado por Deus. Deus manifesta seu amor para conosco através do coração de JESUS. Venerar o amor do coração de Cristo é venerar o amor que o Pai nos dedica (Haur. Aq. 42) e manifesta através dos mistérios da redenção feita pelo Filho: Encarnação, nascimento, vida pública, paixão, morte, ressurreição, instituição da Igreja, sacramentos, pentecostes, Virgem Maria.
JESUS continua amando do mesmo jeito. O amor com que o seu Coração Eucarístico nos ama é o mesmo que mostrou na sua vida pública: afetuoso, amigo, espiritual, divino.
5 – O Coração Eucarístico de JESUS é fornalha de amor: “Eu vim lançar fogo à terra…” disse JESUS (Lc 12,49). O fogo de amor e misericórdia, o fogo do Espírito Santo, que transforma os nossos corações à imagem e semelhança do coração de Cristo. É o fogo desse coração divino que se revela no sacrário a Sta. Margarida Maria. O fogo que extingue nossos pecados, nosso egoísmo, nossa frieza. E que purifica e reaquece nosso coração.
Na primeira aparição a Sta. Margarida Maria JESUS pediu que lhe desse o coração. Ela o colocou nas chamas do Coração de Cristo e viu-o consumir-se como uma pequena lasca numa grande fornalha. Quando lhe foi devolvido sentiu um intenso amor que, a partir desse momento, nunca se extinguiu, de tal modo que ela só queria comunicá-lo aos outros.
A Santíssima Eucaristia é o Sacramento do Amor: Significa amor e produz amor (Sto. Tomás de Aquino). Amor que vai crescendo em nós cada vez mais profundo e mais forte.
6 – O Coração Eucarístico forma grandes testemunhas do amor. “Progredi na caridade segundo o exemplo de Cristo…” (Ef 5,1). Este convite foi aceito por muitos santos e santas.
O amor é o coração da Igreja (Novo Millennio ineunte 42) escreve o Papa João Paulo II lembrando palavras de Sta. Teresinha, nossa padroeira, que disse: “A Igreja tem um coração ardente de amor…; só o amor faz atuar os membros da Igreja… o amor é tudo”.
Assim o entenderam também muitos outros que introduziram seu coração no fogo do Coração de JESUS e tornaram-se testemunhas do amor: Sta. Margarida Maria, Teresa de Ávila, Catarina de Sena, S. Francisco Xavier, Santa Faustina, Maximiliano Kolbe, Teresa de Calcutá…
“A Igreja precisa de santos” repetia o Papa João Paulo II.