IV Domingo da Quaresma (ciclo C)
Lucas 15,11-32

Referências bíblicas
1ª leitura: A chegada à Terra Prometida e a celebração da Páscoa (Josué 5,10-12).
Salmo: Sl. 33(34) – R/ Provai e vede quão suave é o Senhor!
2ª leitura: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos; deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Coríntios 5,17-21).
Evangelho: “Teu irmão estava morto, e votou a viver” (Lucas 15,1-3.11-32).
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gastado tudo, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida,estava perdido e foi reencontrado’»
Um Deus «pródigo» em misericórdia
Marcel Domergue, SJ
A alegria de Deus
De que nos fala a parábola do filho pródigo? À primeira vista, podemos pensar no judeu que se manteve próximo de Deus, e no pagão que se perdeu em longínquas regiões e religiões. Vindo para hoje, podemos dizer que a parábola se refere aos que fazem parte da Igreja e aos que lhe são estranhos. O princípio deste capítulo 15, no entanto, não relata nenhum pertencimento a comunidades, mas sim a um grupo de publicanos e pecadores de um lado, e de fariseus e escribas do outro, membros todos eles do povo judeu, assim como os dois filhos da parábola são herdeiros do mesmo pai. Traduzindo: de um lado, os que se dirigem a Deus e pretendem ficar próximos a Ele, e, do outro, os que abandonaram a fé e a Lei do amor.
Notemos quantas menções de deslocamentos: o filho mais novo vai embora e depois volta. O pai, que de início ficara imóvel, movimenta-se no final: ao avistar ao longe o filho que retorna, corre até ele para abraçá-lo; e ao ver o filho mais velho que permanecera imóvel à porta, sai da sala do banquete para fazê-lo entrar. Esperamos que finalmente tenha entrado. Jesus assim nos faz compreender que Deus nos deixa livres para permanecermos com Ele ou para deixá-Lo, levando conosco todos os bens e riquezas que Ele mesmo criou. É Deus obedecendo a vontade do homem! Mas, assim que voltamos para Ele, precipita-se Ele ao nosso encontro. E mesmo não tendo mais direito a nada, pois dilapidamos tudo, cobre-nos de riquezas indevidas e nos convida a, com Ele, entregarmo-nos à alegria dos reencontros. O passado é esquecido, e o pai corta a palavra do filho que confessa a sua culpa e que, daí em diante, quer se contentar apenas com o estado de servo. A alegria de Deus provocada pelo homem já havia sido revelada pelas duas parábolas que precedem esta (a ovelha perdida e a dracma perdida).
As mãos vazias
Temos de levar a sério a gratuidade do dom de Deus. Não é por causa de nossos méritos nem de nossos «bons pensamentos» que Deus vem nos satisfazer, mas em razão de seu amor. É preciso haver, no entanto, um deslocamento da nossa parte, aquele pôr-se em marcha do filho que volta para o pai. Do que se trata? Simplesmente de confiar, deixar-se abandonar n’Ele; trata-se de pôr fé no amor, neste amor que nos faz existir, amor pelo qual estamos envolvidos. O pai nada podia em relação ao filho até que o filho voltasse para ele.
É uma fé que se decide em nossa liberdade, antes mesmo de prová-la, de experimentá-la. Deus não pode nos dar a felicidade sem o nosso consentimento, ainda que este consentimento se motive em razões nem sempre tão louváveis. Notemos: não foi por amor que o filho pródigo decidiu voltar para o seu pai. Não havia nada de nobre em seu raciocínio. Ele simplesmente tinha fome e não tinha mais dinheiro. Também aqui, podemos transpor: os excessos aos quais nos entregamos e os ídolos que consomem as nossas riquezas, exteriores e interiores, nos deixam vazios e famintos. Decepcionados, enfim.
É, então, com as mãos vazias que decidimos o nosso retorno para a nossa verdade de homens e mulheres, para a nossa dignidade de filhos e filhas. Deus nos espera. A alegria de Deus, da qual falamos acima, não é a alegria de receber de nós alguma coisa qualquer, mas a alegria do dar. Acabemos com a ilusão de adquirir méritos: nosso único mérito é o de nos abrirmos ao dom de Deus. O que não é nem um pouco fácil, porque exige de nossa parte a perda de toda pretensão. É aquele que se quer servo que Deus eleva à categoria de filho. Tanto que seu Filho por excelência, aquele através de quem também nós podemos chegar à filiação, fez-se servo a ponto de morrer por isso.
Um resumo do mistério
A atitude do filho mais velho nos leva ao tema do mérito. Conforme o seu pensamento, ele merecia o benquerer do Pai. Não se deu conta de que sua constância no serviço do pai era também um dom. “Tudo o que é meu é teu”, o pai lhe diz. O perigo que ameaça os “bons cristãos” é desprezar os outros, deixar de se solidarizar com eles. “Quando esse teu filho chegou…”, disse o filho mais velho para o pai, tomando as suas distâncias. “É teu irmão”, respondeu-lhe o pai, buscando assim restabelecer a relação entre seus dois filhos. Se o filho mais velho persistir em sua recusa a entrar e celebrar a volta do irmão, sejam quais forem os seus méritos e sua fidelidade, exclui-se ele a si mesmo de um festim que é símbolo do banquete celeste. Porque deste banquete somente podem participar os que se deixam habitar pelo amor que os torna semelhantes ao Pai, amor que perdoa e não faz conta de coisa alguma.
Mas o filho mais velho fazia suas contas: o pai devia-lhe muito e sequer lhe dava um cabrito, para, aliás, festejar com seus amigos num banquete para o qual o pai não seria convidado. Banquete este que nada tem a ver, portanto, com aquele da vida eterna, o das núpcias do Cordeiro. Neste, assim como ao filho pródigo, o Pai é quem convida. Podemos notar, nesta parábola, a insistência no tema do alimento: a fome inicial, a fome do filho pródigo, o seu desejo de matar a fome com o alimento dos porcos, a sua reflexão sobre a abundância de pão na casa de seu pai, o banquete final e a reclamação do filho mais velho. O alimento ocupa um lugar central no conjunto da Bíblia: começa em Gênesis 1 e não para mais. A 1ª leitura nos dá um exemplo disto, referindo-se ao Maná. É que o alimento, como sabemos, representa a nossa relação com a natureza, a nossa harmonia com ela. E também a nossa relação com os outros, tendo em vista o pão compartilhado ou os conflitos pelas terras férteis.
Finalmente, em Cristo, Deus se deu a Si mesmo em alimento, e o juízo será pronunciado por Ele mesmo, entre os que comem e os que não comem. Uma vez mais, portanto, a Páscoa está presente em nosso texto. O filho mais velho, que comia quando sentia fome, recusa-se agora a comer com o seu irmão; e este, que não tinha nada para comer, vai agora saciar-se com o novilho gordo.
O amor frustrado do Pai
Enzo Bianchi
O itinerário quaresmal que realizamos neste Ano Litúrgico C através da escuta do Evangelho segundo Lucas é todo voltado ao anúncio da nossa conversão e da misericórdia de Deus, que suscita em nós a conversão, atraindo-nos para “Deus” mesmo, que “é amor” (1Jo 4, 8.16).
Quem se faz intérprete dessa misericórdia infinita é Jesus com ações, comportamentos, palavras e parábolas suscitadas algumas vezes por aqueles que não chegaram a tal conhecimento de Deus, preferindo parar no culto, nos sacrifícios, na liturgia como meios para se aproximar dele (cf. Os 6, 6).
Assim, eis-nos no início do capítulo 15, em que Lucas conta que os publicanos, isto é, aqueles que eram manifestamente pecadores, gente perdida, foram escutar Jesus. Por que eles eram atraídos por Jesus, enquanto fugiam dos sacerdotes e dos fiéis zelosos? Porque sentiam que estes últimos não iam procurá-los, não os amavam, mas os julgavam e os desprezavam. Jesus, em vez disso, tinha outro olhar: quando via um pecador público, considerava-o como um ser humano, um entre todos os seres humanos (todos pecadores!), alguém que era pecador de modo evidente, sem hipocrisias nem ficções. Diante dessa visão, Jesus sentia com-paixão: não julgava quem estava na sua frente, não o condenava, mas ia procurá-lo lá onde estava, no seu pecado, para lhe propor uma relação, a possibilidade de fazer um trecho do caminho juntos, de se escutarem reciprocamente sem preconceitos (cf. Lc 19, 10).
Assim, os pecadores fugiam da comunidade judaica e se dirigiam a Jesus, o que escandalizava os homens religiosos por profissão, que “criticavam Jesus. ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles’”.
Jesus, portanto, é obrigado a se defender e não o faz com violência nem com uma apologia de si mesmo, mas contando a esses fariseus e escribas algumas parábolas, para ser exato três: a da ovelha perdida (cf. Lc 15, 4-7), a da moeda perdida (cf. Lc 15, 8-19) e a que escutamos na liturgia, a famosa parábola dos dois filhos perdidos e do pai pródigo de amor.
Tentemos lê-la, mais uma vez, em obediência às Sagradas Escrituras e formados pelo ensinamento que nos vem das nossas experiências, das nossas histórias.
Jesus narra a história de uma família que, como todas as famílias, não é ideal, não está isenta de sofrimentos e da “irregularidade” dos relacionamentos. Ela é composta por um pai (mas falta a mãe: está morta ou talvez ausente?) e por dois filhos, nascidos e criados no mesmo ambiente, mas capazes de dois resultados formalmente diferentes, nos antípodas: na realidade, porém, ambos estão unidos pelo não conhecimento do pai e pela vontade de negá-lo.
Mas se note bem: o pai dessa parábola aparece desde o início como diferente em relação aos pais terrenos, porque, a pedido do filho mais novo de receber a herança antecipadamente (portanto, de algum modo, o filho já o quer morto!), ele responde deixando-o fazer isso, sem admoestá-lo, sem contradizê-lo, sem alertá-lo. Existe entre nós, humanos, um pai assim? Não! Portanto, somos imediatamente levados a ver nesse pai o Pai, isto é, Deus mesmo, o único que nos deixa livres diante do mal que queremos fazer, que não nos detém, mas se cala, deixando-nos nos afastar de si.
Por quê? Porque Deus respeita a nossa autonomia e a nossa liberdade. Ele nos deu a educação através da Lei e dos Profetas, mas depois nos deixa livres para decidir como quisermos.
É assim que o pai da parábola divide a herança entre os dois filhos, ou, melhor – como diz o texto grego – “a sua vida” (ho bíos) e deixa o filho mais novo partir, mostrando-lhe, embora este certamente não entenda, respeito pela sua liberdade, gratuidade, amor fiel.
O filho mais novo exige, reclama, reivindica, força a mão do seu pai, e este responde de modo surpreendente: toda a sua atitude o mostra como inoperante, quase ausente, por respeito à liberdade do filho. O filho, portanto, finalmente vai embora daquela casa que sentia como uma prisão, para longe do olhar daquele pai que sentia como um espião, embora daquele espaço que tinha que compartilhar com o pai e com o irmão mais velho e que não sentia como próprio.
Ele vai embora, mas logo dissipa tudo em festas com amigos, jogos, prostitutas, ficando assim sem dinheiro, até ter que se pôr a trabalhar para sobreviver. Ele acaba até sendo cuidador de porcos, animais impuros, desprezados pelos judeus, e nessa desolação começa a entender melhor onde é possível acabar…
Então “ele começou a passar necessidade” (érxato hystereîsthai): falta-lhe algo, e a falta de algo sempre é capaz de suscitar perguntas em nós. O que lhe falta? Certamente, o dinheiro gasto; certamente, a comida para viver; mas também lhe falta alguém ao seu lado, alguém que lhe dê de comer, “alguém que” – diz o texto – “lhe ofereça comida”, fazendo-lhe sentir reconhecimento e cuidado!
É assim, nós precisamos do outro, e quando os outros desaparecem do nosso horizonte, ficamos desolados, e sem os outros, nos encaminhamos para a morte.
A partir da experiência dessa condição degradada, igual à dos animais, o filho mais novo começa a reentrar em si mesmo, a tomar consciência da própria situação. Não é alguém que se converte, mas nele já há o desejo de dizer “chega!” àquela condição de fome e desolação. Então, ele pensa em como pode voltar atrás e reencontrar a condição de antes, em sua casa, convencendo o pai a lhe dar pelo menos de comer: ele será servo e assim garantirá seu sustento; melhor em casa como servo, do que aqui como porco…
Ele retorna, portanto, tentando imaginar a cena que vai fazer ao pai, para aplacar a sua raiva e ser readmitido em casa. Ele não está arrependido, não está movido por amor em relação ao pai, mas apenas pelo interesse pessoal.
Mas eis que aqui inicia um caminho repleto de surpresas, porque finalmente o filho conhece o pai de modo diferente de como o conhecera quando viva com ele. Ele pensa que o pai vai chamá-lo para prestar contas dos seus malfeitos, e em vez disso encontra o pai que corre ao seu encontro; pensa que deve se submeter ao castigo, tornando-se escravo, e em vez disso o pai o veste com a túnica do filho; ele pensa que terá que chorar e se humilhar, e em vez disso é o pai que prepara um banquete para ele, mandando matar o novilho gordo; ele pensa que terá que ficar aos pés do pai como penitente, e em vez disso o pai o abraça e o beija.
Note-se que o pai não se preocupa se o filho manifesta um verdadeiro arrependimento, uma verdadeira contrição. Ele não o deixa falar, o abraça apertado, impede-lhe gestos penitenciais e expiatórios, e assim lhe mostra o seu perdão gratuito. Exatamente como Oseias profetizara: Deus continua amando o seu povo enquanto este se prostitui e, assim que pode, abraça-o novamente e o retoma (cf. Os 1, 2; 11, 8-9).
Sim, esse pai era diferente de como o filho mais novo o conhecera quando estava em casa e depois quando fugiu para longe: e é como se essa descoberta o ressuscitasse, pusesse-o novamente de pé, desse-lhe a possibilidade de uma nova vida em comunhão com ele.
A parábola poderia concluir aqui, e o ensinamento de Jesus estaria completo: finalmente o filho conheceu o verdadeiro rosto do pai, rosto de misericórdia, amor fiel que nunca falha, amor sem fim…
Mas, ao contrário, há uma sequência: os pecadores são convidados pela primeira parte da parábola a conhecer o verdadeiro rosto de Deus e, portanto, a se sentirem perdoados a ponto de se converterem; mas e quanto aos justos ou, melhor, aqueles que acreditam que são justos e bons, como o filho mais velho que permaneceu fielmente em casa?
A parábola contém um ensinamento também para eles, isto é, para o filho mais velho. Ei-lo entrando em cena, enquanto, como bom rapaz, diligente e disposto, retorna dos campos onde trabalhou. Ele ouve o som da música e das danças vindo da casa e se pergunta por que tudo isso; é um servo quem lhe explica o que aconteceu: “É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde”. Em resposta, ele não sabe fazer nada mais do que ficar com raiva, prometendo a si mesmo não participar de uma festa tão injusta para ele.
Portanto, ele está do lado de fora, e é o pai que sai mais uma vez, indo ao encontro dele também: ele implora a ele para participar da alegria do irmão que estava como que morto, mas agora é um homem novo. Inútil, as palavras do pai o incomodam ainda mais: como é possível – pensa ele –, há uma justiça que deve reinar! Seu irmão (ou, melhor, diz ele dirigindo-se ao pai com desprezo: “Esse teu filho…”) foi embora, desperdiçou tudo com amigos e prostitutas, gozou e se divertiu, enquanto ele em casa teve que levar para a frente o campo e a fazenda. E, agora, como é possível festejar esse que voltou, quando ele, que permaneceu fielmente em casa, nunca foi festejado? Assim, no seu coração, uma palavra ressoa como reação: “Não é justo!”.
Parece claro, portanto, que mesmo esse filho, o mais velho, embora tendo permanecido ao lado do pai, nunca o conhecera, nunca lera o seu coração, nunca pusera confiança nele e nada aprendera com ele: por isso, ele julga e condena! Ele permanecera em uma casa que, assim como para o seu irmão, era uma prisão; permanecera ao lado de um homem, seu pai, a quem nunca conhecera de verdade.
É o pai que deve lhe revelar: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”.
Essa é verdadeiramente a parábola do amor frustrado daquele pai que amou até o fim (cf. Jo 13, 1), totalmente, gratuitamente, e que, em vez disso, parecia um pai-patrão em virtude das projeções que ambos os filhos fizeram sobre ele. Isso sempre acontece assim quando o Pai é Deus, sobre quem projetamos as nossas imagens; isso acontece às vezes também nas relações entre os pais e os filhos deste mundo.
A única diferença é que o amor de Deus é previdente, sempre em ação, nunca contradito, fiel e misericordioso. O nosso, pelo contrário… Para o irmão mais velho, resta a tarefa de não dizer mais ao pai: “Esse teu filho”, mas sim: “Este meu irmão”. É uma tarefa que espera por todos nós, todos os dias. Afirmar que o ser humano é filho de Deus é fácil, e todos os homens religiosos fazem isso, porque valorizam a teologia ortodoxa. Em vez disso, é mais difícil dizer que o ser humano é “meu irmão”, mas é exatamente essa a tarefa que nos espera.
Deus, o Pai, permanece do lado de fora da festa, ao lado de cada um de nós, e nos pede: “Diga que o ser humano é teu irmão, e então poderemos entrar e fazer festa juntos”.
UM EXCESSO DE AMOR
José Tolentino Mendonça
Queridos irmãos e irmãs,
Nesta parábola do Filho Pródigo nós encontramos sentimentos e vivências que refletem amplamente a nossa própria vida. Tudo o que nos passa pelo coração está aqui nesta parábola. E está, sobretudo, o drama que são as relações humanas. São as relações humanas numa família, são as relações humanas entre amigos, são as relações humanas que vamos criando uns com os outros.
Há aqui tudo: a necessidade de liberdade do filho mais novo, os seus sonhos às vezes sem muito chão por baixo, o seu idealismo, a sua fantasia. Depois, também , a incapacidade de os consomar de uma forma correta e a adversidade, porque no país onde ele está também é ferido por uma grande fome e ele vai na enxurrada. Ele primeiro teve tantos amigos e depois está completamente só. O drama que acontece nas famílias da desunião entre os irmãos, a falta de fraternidade.
Depois aquele filho mais velho que, estando com o pai, também tinha expetativas que nunca se realizavam: “Nunca me deste um cabrito para eu festejar com os meus amigos.” Aquele ressentimento do irmão mais velho, a dificuldade de perceber a lógica da misericórdia, da compaixão.
No fundo, nós vemos no trânsito destas personagens o nosso próprio trânsito. Nós somos isto, somos habitados por esta mistura muito grande de sentimentos, de razões, de desrazões, de emoções, de coisas que dizemos, de coisas que calamos. E é esta complexidade humana que nós vemos presente na parábola do Filho Pródigo. Cada uma destas personagens, dos dois irmãos, tem uma grande riqueza interior e têm os seus limites.
O filho mais novo tem uma vontade de autonomia muito grande, e isso é normal. Cada um de nós para crescer também teve de se afirmar e tem de se afirmar como pessoa, tomar conta da sua vida, tomar nas mãos o seu destino, ganhar espaço, e é no fundo isso que ele precisa. Mas, ao mesmo tempo, ele faz tudo isto não em diálogo mas em rutura, ele precisa de ir para longe. Depois nós percebemos que ele quer toda aquela autonomia mas não está, de modo nenhum, preparado para ela, e então, na primeira ocasião, espalha-se completamente ao comprido, com aqueles amigos que ele escolhe, com o tipo de vida que ele tem. No fundo, ele acaba por cair na voragem de si mesmo e sem instrumentos necessários para construir uma vida sólida, ele experimenta o dissabor, a solidão, a miséria, a miséria interior profunda. E também a própria fome, porque ele queria comer as alfarrobas e ninguém lhas dava.
O filho mais velho é aquele que fica junto do pai, tem a expetativa de sucedê-lo, de ser o herdeiro da casa. Mas, ao mesmo tempo, não consegue realizar a sua vida, os seus projetos. O ressentimento que há nele, a dificuldade de ser livre, de ser desprendido, é uma coisa que nós olhamos dentro deste personagem.
Queridos irmãos, o Ano Santo da Misericórdia é um ano para também nos olharmos, para também fazermos o balanço daquilo que está dentro de nós, daquilo que nos habita. E dentro de nós não existem só coisas belas, só coisas luminosas, só coisas resolvidas. Não, dentro de nós há muitos sentimentos sufocados, há muita coisa que é preciso esclarecer, há muitos fios que ainda estão por ligar, há ressentimentos, há coisas por reconciliar, há coisas por perdoar. “O ministério da reconciliação de Jesus foi-nos confiado”, como dizia S. Paulo. Mas eu não sei até que ponto nós próprios já experimentamos em nós a reconciliação que Jesus nos dá como dom, como oferta. Até que ponto nós nos deixamos reconciliar, reconciliar profundamente, no mais fundo de nós? Iluminando a vida, tirando-a de debaixo do tapete, esta vida sempre submersa, sempre negada, nós podemos iluminar esta vida pelo amor, pela confiança, pela reconciliação que Deus nos dá.
No meio destas personagens, que à sua maneira nos refletem, refletem aquilo que nós vivemos, nós temos o exemplo do pai. E, de facto, o ícone da misericórdia, o critério da misericórdia é este pai. Este pai que tem dois filhos e percebe que, tendo dois filhos, os tem de tratar de forma diferente, tem de olhar para cada um de formas diferentes, mantendo um sentido de justiça, mantendo um sentido de verdade.
O filho mais novo vem-lhe pedir a herança. É um pedido estranho porque as heranças supõem a morte dos progenitores, mas ele em vida do pai já quer a sua herança. E, contudo, o pai, sem dizer nada, dá-lhe a herança. É interessante porque Jesus não perde tempo a explicar as razões: porque é que o filho quer sair de casa, porque é que o pai aceita aquele pedido. Não é isso que é importante. Mas o pai aceita o espaço que o filho precisa, o pai aceita o risco da liberdade do filho, aceita. Aceita como Deus aceita o risco da nossa liberdade, aceita que nós peguemos no que Ele nos dá e partamos para o mais longe possível Dele. E aceita a nossa possibilidade de errar, aceita o nosso engano, aceita a nossa miséria, Deus aceita, aceita isso.
Mas, ao mesmo tempo, o filho, quando volta, volta dentro da sua lógica. Porque ele partiu para experimentar a vida e, quando volta, ele volta um bocadinho por calculismo, para salvar a sua pele. Ele diz: “Eu estou aqui a passar fome, em casa de meu pai como servo eu consigo pelo menos matar a fome. Então vou para lá. Já não serei filho, mas serei um servo.” E ele não percebe que isso é impossível, mas o pai é aquele que lhe vem dizer que isso é impossível.
Quando o filho volta, o pai toma a iniciativa de correr ao encontro dele. E, mais importante do que o filho ter ido embora, é ele ter voltado, mais importante do que a rutura, é o regresso. O filho ainda está ao longe e o pai já vai ao seu encontro. Diz-nos S. Lucas: “Cheio de compaixão, foi ao seu encontro e cobriu-o de beijos.” Isto é, cobriu aquela vida incerta, miserável, tornou-a completamente amável. Aos olhos do pai, aquele filho não era o que merecia o castigo mas era o filho, era o seu filho. E, cheio de compaixão, foi capaz de o abraçar, de o reintroduzir em casa. E, de uma maneira que o próprio filho nunca esperava, foi para lá de todas as medidas, foi para lá de todas as expetativas.
Nós podemos dizer: “Este pai excedeu-se. Este pai é um amor excessivo, ele não devia tratar o filho assim. Ele devia dar-lhe um corretivo dos antigos, ele devia pô-lo à prova, ele devia fazê-lo pensar, pô-lo de quarentena. Dizer: «Agora pensa no que fizeste».” O excesso de Deus, este excesso da misericórdia tem um sentido. Nós dentro de nós temos muitas lógicas e teríamos muitas formas de reagir. Mas o que Deus nos diz é: “A misericórdia é uma arte necessária para salvar a vida, a misericórdia é um caminho que todos precisamos de aprender.” E não há misericórdia sem excesso, não há misericórdia sem excesso.
A misericórdia não é dar ao outro o que o outro merece, a misericórdia é dar ao outro o que o outro não merece. Mas dar por cima, dar além, dar muito mais, ir mais longe. Reintroduzir na festa quando o filho merecia ficar a pão e água, mas reintroduzi-lo na festa com o vitelo gordo, o anel no dedo, as sandálias nos pés, a túnica mais bonita. Este excesso de amor é que é a compaixão. Neste Ano Santo da Misericórdia nós perguntam-nos muitas vezes o que é a misericórdia. O que é que é a misericórdia? E a misericórdia não cabe numa definição. Não é dizer: “A misericórdia é isto.” Misericórdia é compaixão, misericórdia é bondade, misericórdia é perdão, misericórdia é colocar-se no lugar do outro, misericórdia é levar o outro aos ombros, misericórdia é a reconciliação profunda. É isso tudo. Mas é isso tudo também feito com um determinado estilo, que é o estilo do pai da parábola de Jesus. Não há misericórdia sem dádiva, sem doação. Aquele filho precisava ser curado, trazia tantas feridas.
Porque às vezes a gente julga os outros: “Ah, fizeste isto, mereceste isto, mereceste aquilo.” Está bem, mas o filho regressa como quem vem de uma guerra, todo estilhaçado da sua própria liberdade, mas às vezes a nossa liberdade despedaça-nos, às vezes a nossa liberdade dá cabo de nós. E é assim que o filho chega, maltratado, ferido, junto daquele pai. E se não há um excesso de amor que ajude a curar as feridas, que dê um outro horizonte, que seja uma alavanca, que seja um trampolim, o filho não podia entrar em casa pelos seus pés, ele tinha de ser levado ao colo pelo amor do pai. A misericórdia é isso, a misericórdia não é esperar que o outro faça o caminho, a misericórdia é carregar com o outro ao colo, com as suas feridas, as suas fragilidades, as suas vulnerabilidades e reintroduzi-lo na esperança, reintroduzi-lo na festa.
Por isso, não há misericórdia sem excesso. Se nós queremos ser pessoas moderadas, se nós queremos ser pessoas apenas justas, se queremos fazer o que está certo, nós seremos até boas pessoas, mas não conheceremos o Evangelho da Misericórdia. Porque o Evangelho da Misericórdia pede de nós mais, pede de nós um excesso de amor: que a gente seja capaz de abraçar a vida ferida, que a gente perceba tudo. Porque o pai não é estúpido, o pai percebe que aquele filho gastou tudo da maneira mais errada, o pai sabe tudo. E contudo, abraça tudo e cobre tudo com o seu amor. E cobrir tudo com o seu amor não é desculpar. Eu acho que esta experiência de amor, esta experiência de misericórdia é a coisa mais exigente da vida.
Aquele filho mais novo é um filho transformado, transformado pelo amor. Muitas vezes, na nossa experiência de liberdade nós aprendemos com as pancadas, aprendemos com as quedas, aprendemos com as repreensões, aprendemos com os limites, aprendemos com os “nãos” que nos dão. Isso tudo é muito útil, e muito necessário e aprendemos muito. Mas se quisermos ser sinceros nós temos de dizer que a nossa vida mudou quando nós ouvimos o “sim”, quando alguém nos disse “sim” e nos abriu a porta e começou connosco uma nova história. Nós precisamos dos “nãos” e crescemos com eles, mas precisamos do ”sim“ para tocar o mistério da própria vida. E isso é a misericórdia, é dizer um “sim” quando a partir daquele momento aquele filho só tinha a expetativa de ouvir um “não” para o resto da vida. E o pai dá-lhe este “sim” inesperado, isso é a misericórdia.
O filho mais velho também precisa ser curado, também precisa de misericórdia. E o pai vem ao seu encontro. É interessante porque o pai não diz: “Olha, está calado.” O pai dá dignidade à indignação do irmão mais velho, dá dignidade. E vai ouvi-lo, vai escutá-lo, sai à rua, sai ao seu encontro. E isso também é misericórdia, ouvir os outros até ao fim, ouvir a sua queixa, o seu lamento, o que eles não compreendem. Isso também é misericórdia. E é misericórdia uma das declarações de amor filial mais belas, que o pai diz ao filho mais velho: “Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu.”
Se calhar, o filho mais velho também precisava de ouvir aquilo. Era uma coisa implícita, era lógico, o filho mais velho ia herdar, ele estava em casa, ele era o suporte do pai. Era natural que ele viesse a herdar. Mas ele precisava de ouvir aquelas palavras e as palavras que o pai depois diz: “Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado.”
Mas “tínhamos de fazer uma festa.” Eles não tinham de fazer festa nenhuma, não tinham. Mas há um dever que a misericórdia nos faz descobrir: “Nós tínhamos de fazer uma festa.” Isto é misericórdia. Este dever que ninguém nos obriga, mas que é um dever que nasce do fundo, que nasce da esperança, que nasce do desejo de relançar a vida, que nasce da vontade de afirmar que a vida é mais importante e tem de ser vitoriosa em relação a todas as mortes.
Queridos irmãs e irmãos, nós estamos a viver este Ano Santo da Misericórdia. É um desafio muito grande porque cada um de nós é chamado a reencontrar-se com a misericórdia, e não é um encontro fácil, não é um encontro fácil. Quem acha que a misericórdia é fácil é porque nunca a viveu e nunca a deu, e nunca a experimentou. A misericórdia é das coisas mais difíceis, é das coisas mais exigentes. Mas não há vida sem misericórdia. Aqueles de quem nunca nos esqueceremos são aqueles que derramam no nosso coração a semente da misericórdia, os gestos da misericórdia. Que este Evangelho seja um evangelho praticado por nós, isto que S. Paulo diz: “nós somos embaixadores de Cristo.” Então, cada um de nós se sinta embaixador, embaixadora da misericórdia. Olhando para a sua vida e dizendo: “Neste Ano Santo, o que é que eu posso fazer? Como é que posso tornar santo este ano da minha vida?” Que o Senhor nos inspire.
O abraço do Pai misericordioso regenera pessoas e sociedades
Romeo Ballan, mccj
Bela notícia! «A festa na casa do Pai mal começou… Vinde todos!» É o convite de Jesus (Evangelho), para explicar o amor sem limites de Deus pai e mãe, por meio da extraordinária página, conhecida como a «parábola do filho pródigo». Um título parcial, na medida em que tem em conta apenas o filho mais novo e descura o mais velho, que é igualmente, ou ainda mais, merecedor de censura. O título mais adequado seria: «parábola do pai misericordioso», visto que é ele o protagonista: o seu amor está no centro da narração. O livro de Lucas é já conhecido como o «Evangelho da misericórdia», mas nele o capítulo 15 (com as três parábolas) é definido «um evangelho no Evangelho». A notícia mais bela!
Desta parábola muito conhecida e comentada, basta pôr em evidência apenas alguns aspectos. Muito oportunamente, o trecho evangélico escolhido para a liturgia deste domingo inclui os primeiros versículos de Lucas 15, onde se vê o contexto da parábola: Jesus acolhe publicanos e pecadores e come com eles. Aparecem também os destinatários: os fariseus e os escribas que murmuram (v. 1-3). Os destinatários aparecem novamente no fim na figura do irmão mais velho.
De sublinhar os cinco verbos, com os quais Lucas descreve o amor efusivo do pai pelo filho que volta: vê-o (ao longe) e comovido corre ao seu encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o (v. 20). Seguem as ordens do pai para autenticar a plena reabilitação do filho reencontrado: a túnica nova (sinal da dignidade em família), o anel no dedo (o poder), as sandálias nos pés (sinal do homem livre). E depois o vitelo gordo (para as ocasiões solenes) e a grande festa para todos (v. 22-23). A festa parece ser precisamente o elemento que aborrece o filho mais velho que regressa do campo (v. 25.29.30). O pai sai para o ajudar a entender a razão de tanta alegria: era preciso fazer festa, o teu irmão voltou! (v. 23).
Em cada um de nós convivem os dois irmãos, o mais novo e o mais velho, ambos com atitudes reprováveis e igualmente necessitados de conversão. Para Jesus, o modelo sobre o qual comparar-se é o Pai misericordioso: acolhe todos sem limites, perdoa com gratuidade, quer que todos vivam em sua casa. Relativamente a este itinerário de conversão, Henri J. M. Nouwen escreveu um livro esplêndido de meditações – «O regresso do filho pródigo» – partindo do famoso quadro de Rembrandt. Eis uma das fortes mensagens: «Estou destinado a ocupar o lugar do meu Pai e oferecer aos outros a mesma compaixão que Ele me ofereceu a mim. O regresso ao Pai é em última análise o desafio a tornar-se o Pai».
A parábola de Jesus permanece aberta, sem conclusão. Não é dito que o irmão mais velho tenha entrado na festa; não sabemos se o mais novo deixou de fazer asneiras; o que sabemos é que naquela casa há lugar para todos e que há ainda muitos lugares para ocupar… Uma coisa é certa: sobre o amor do pai não há dúvidas para ninguém, filhos e servos! Agora todos sabem que Ele gosta de ter em sua casa filhos, não escravos; pessoas que partilham o seu projecto de amor, não apenas as coisas a fazer (v. 31). Só vivendo na casa do Pai é que encontramos vida e felicidade, porque Ele quer o nosso verdadeiro bem, a nossa realização, e ensina-nos como e onde encontrá-la. Não somos nós os criadores e arquitectos do nosso destino. Não encontraremos vida e felicidade procurando o sucesso pessoal longe da casa do Pai; encontrá-lo-emos colocando-nos com simplicidade no seguimento do Senhor.
Na casa daquele bom pai inaugurou-se o novo modo de viver, não mais como escravos mas como filhos. Uma experiência semelhante à do povo de Israel (I leitura) que, depois de 40 anos de deserto, e atravessado o rio Jordão, toma posse da terra prometida, onde não comerá mais com a precariedade do estrangeiro, mas se alimentará com os frutos de casa, cultivados por ele mesmo. S. Paulo recorda que toda a boa experiência deve ser partilhada com outros (II leitura). Quem fez a experiência da bondade misericordiosa de Deus e começou a viver com Ele uma relação nova como filho e amigo (v. 17), sente necessidade de envolver outros na mesma experiência de vida e de reconciliação (v. 18-19). Nisto consiste a missão: partilhar a experiência e levar outros a acolher na sua vida o amor misericordioso e regenerador do Pai! Missão é anunciar a misericórdia do Pai e trabalhar para que a misericórdia se torne o tecido de relações novas entre as pessoas e entre os povos. Este é um serviço missionário de qualidade para o crescimento de uma humanidade nova.