Via-Sacra missionária

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Na Quaresma acompanhamos Jesus no seu caminho de cruz, até à Páscoa de Ressurreição. Cada estação desta via-sacra, com  um pensamento do Papa Francisco da exortação apostólica A Alegria do Evangelho, está marcada pela dor e a alegria, o desânimo e a esperança, a angústia e a emoção. Cada estação é, para nós hoje, fermento de Evangelho e semente pascal.

1.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, é condenado à morte

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Pilatos lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: «Sou inocente do sangue deste justo: isso é lá convosco»… Quanto a Jesus, depois de o mandar açoitar, entregou-o para ser crucificado. (Mt 27, 24-26)

Jesus não veio ao mundo para julgar ou castigar, senão para salvar, mas Ele foi julgado, condenado e destruído. «Hoje devemos dizer “não a uma economia da exclusão e da desigualdade social”. Esta economia mata. […] O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. […] Os excluídos não são “explorados”, mas resíduos, “sobras”» (EG, 53).

Jesus, ajuda-nos a dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social, que mata!
Todos
: Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

2.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, toma a sua cruz

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Depois de O terem escarnecido, tiraram-lhe o manto, vestiram-lhe as suas vestes e levaram-no para ser crucificado. (Mt, 27, 31)

Desde que Jesus carregou com a cruz, todos os nossos pesos são mais suaves e suportáveis. Hoje, são tantas as pessoas que, cada dia, carregam com a cruz! «A maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia-a-dia precariamente, com funestas consequências. […] A alegria de viver frequentemente se desvanece; crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente» (EG, 52).

Jesus, ajuda-nos a carrevar com a cruz!
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

3.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, cai pela primeira vez

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado pelas nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Pelas suas chagas fomos curados. (Is 53,4-5).

Quando Jesus cai em terra, assume todas as nossas quedas. Cada vez que nós caímos, Jesus cai connosco. Quando os irmãos caírem, aproximemo-nos deles com Jesus e como Jesus. «Grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída» (EG, 53).

Jesus, perdão por não abraçarmos diariamente o caminho do Evangelho.
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

4.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, encontra sua mãe

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição; uma espada trespassará a tua alma…». (Lc 2, 34-35)

Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, continua a caminhar junto dos seus filhos que carregam pesadas cruzes. E está junto das mães que acompanham os seus filhos que são atormentados por dores físicas ou morais. «Penso na fé firme das mães ao pé da cama do filho doente, que se agarram a um terço ainda que não saibam elencar os artigos do Credo; ou na carga imensa de esperança contida numa vela que se acende, numa casa humilde, para pedir ajuda a Maria, ou nos olhares de profundo amor a Cristo crucificado» (EG, 125).

Perdão, Jesus, pelos nossos gestos que não correspondem ao teu amor.
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

5.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, é ajudado pelo cireneu

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Passava por ali um homem chamado Simão, de Cirene. Voltava do campo. Então os soldados obrigaram-no a levar a Cruz de Jesus. (Mt 27, 22)

Jesus, o filho de Deus, precisou da ajuda do cireneu. Também hoje podemos continuar a ajudar tantos homens e mulheres que não suportam o peso da sua cruz. «Inúmeros cristãos dão a vida por amor: ajudam tantas pessoas seja a curar-se seja a morrer em paz em hospitais precários, acompanham as pessoas que caíram escravas de diversos vícios nos lugares mais pobres da Terra, prodigalizam-se na educação de crianças e jovens, cuidam de idosos abandonados por todos, procuram comunicar valores em ambientes hostis, e dedicam-se de muitas outras maneiras que mostram o imenso amor à humanidade inspirado por Deus feito homem» (EG, 76).

Perdão, Jesus por nos fecharmos às necessidades do nosso próximo.
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

6.ª Estação: Verónica limpa o rosto a Jesus, O enviado do Pai

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspeto agradável que possa cativar-nos. (Is 53, 2-3)

Uma mulher valente, superando barreiras e prejuízos, aproximou-se de Jesus e limpou-lhe o rosto desfigurado e ensanguentado. É o símbolo das mulheres que, impulsadas pelo amor e a compaixão, põem os seus dons ao serviço da humanidade. «A Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens. […] Vejo, com prazer, como muitas mulheres partilham responsabilidades pastorais juntamente com os sacerdotes, contribuem para o acompanhamento de pessoas, famílias ou grupos e prestam novas contribuições para a reflexão teológica» (EG, 103).

Jesus, ajuda-nos a limpar o rosto sofrido de cada irmão e a sermos tua verdadeira imagem!
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

7.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, cai pela segunda vez

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. (Jo 12, 24)

Podemos cair muitas vezes, mas o importante é levantar-se. Muitas crianças e adultos caem e permanecem no “chão”, sem terem quem os apoie. «Não podemos ignorar que, nas cidades, facilmente se desenvolve o tráfico de drogas e de pessoas, o abuso e a exploração de menores, o abandono de idosos e doentes, várias formas de corrupção e crime» (EG, 75).

Jesus, perdão pela violência que exercemos sobre os nossos irmãos.
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

8.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, encontra as mulheres de Jerusalém

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Seguiam Jesus uma grande multidão de povo e umas mulheres que batiam no peito e se lamentavam por Ele. Jesus voltou-se para elas e disse-lhes: «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. (Lc 23, 27-28)

As mulheres lamentam-se por Jesus. Não o podem ajudar como o cireneu, mas oferecem a sua solidariedade e as suas lágrimas de compaixão e de denúncia dessa condenação injusta e cruel. «Desejo uma Igreja pobre para os pobres. Estes têm muito para nos ensinar. […] Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles» (EG, 198).

Perdoa-nos, Jesus, a dureza do nosso coração.
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

9.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, cai pela terceira vez

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. (Mt 11, 28-29)

Caímos muitas vezes por causa da nossa debilidade. Mas Deus, nosso Pai amoroso, permanece fiel e dá-nos a mão para nos levantar e libertar. «O Evangelho convida, antes de tudo, a responder a Deus que nos ama e salva, reconhecendo-O nos outros e saindo de nós mesmos para procurar o bem de todos» (EG, 39).

Jesus, perdão pela nossa arrogância e altivez
Todos:
Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

10.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, é despojado das suas vestes

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

E levaram Jesus ao lugar do Gólgota, que quer dizer, “lugar do Crânio”. Depois crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para verem o que cabia a cada um. (Mc 15, 22.24)

Jesus, sendo filho de Deus, fez-se pobre e humilhou-se até à morte e morte na cruz. Foi despojado das suas vestes, mas não lhe tiraram a sua dignidade, a beleza ou a verdade da sua mensagem salvadora. Hoje, milhões de homens, mulheres e crianças são continuamente espoliados. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo» (EG, 187).

Jesus, ajuda-nos a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres.
Todos: Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

11.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, é cravado na cruz

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem». (Lc 23, 33- 34)

A cruz é o cume da iniquidade humana, mas também do amor divino. Com Jesus, o ódio converte-se em amor, a violência em misericórdia, a maldição em bendição. Ao contemplar a cruz aprendemos o Evangelho. Mas, como afirmava Pascal, Jesus Cristo continua em agonia até ao fim dos tempos. «É indispensável prestar atenção e debruçar-nos sobre as novas formas de pobreza e fragilidade, nas quais somos chamados a reconhecer Cristo sofredor: os sem-abrigo, os toxicodependentes, os refugiados, os povos indígenas, os idosos cada vez mais sós e abandonados, etc. Os migrantes representam um desafio especial para mim, por ser Pastor de uma Igreja sem fronteiras que se sente mãe de todos» (EG, 210).

Perdão, Jesus, por não seguirmos os teus passos no perdão aos que nos ofendem.
Todos: Jesus, toma a minha vida, a minha missão

12.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, morre na cruz

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

O Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: «Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito». Dito isto, expirou. (Lc 23, 45-47)

Jesus entrega-se e morre para que ninguém morra definitivamente. No mistério da paixão de Jesus, conhecemos os mistérios da morte e da vida. «Somos chamados a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro transforma-se numa pesada cruz, mas foi precisamente na Cruz que o Senhor, trespassado, Se nos entregou como fonte de água viva. Não deixemos que nos roubem a esperança!» (EG, 86).

Jesus, tu és a ressurreição e a vida!
Todos: Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

13.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, é retirado da cruz

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. Veio, pois, e retirou o corpo. (Jo 19, 38).

Jesus não tinha onde reclinar a cabeça. Agora o seu espírito descansava nas mãos do Pai e seu corpo no colo da mãe. «Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afecto. […] Pedimos-Lhe que nos ajude, com a sua oração materna, para que a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torne possível o nascimento dum mundo novo» (EG, 288).

Jesus, ajuda-nos a tornar possível o nascimento dum mundo novo!
Todos: Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

14.ª Estação: Jesus, enviado do Pai, é depositado no sepulcro, donde sai vitorioso

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R. Que pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol; depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro. (Mc 15, 46-47)

É tempo de silêncio e esperança. Um grande acontecimento está a ser preparado, a transformação mais bela está ocorrendo. O sepulcro tornar-se-á fonte de vida e luz. A Palavra não morre e o eco desta Palavra ressoa vivo nos nossos corações. «A alegria do Evangelho é tal que nada e ninguém no-la poderá tirar (cf. Jo 16, 22). Os males do nosso mundo – e os da Igreja – não deveriam servir como desculpa para reduzir a nossa entrega e o nosso ardor. Vejamo-los como desafios para crescer. Além disso, o olhar crente é capaz de reconhecer a luz que o Espírito Santo sempre irradia no meio da escuridão, sem esquecer que, “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5, 20)» (EG, 84).

Jesus, tu és o Cristo Vivo e Ressuscitado que vem ao nosso encontro e nos envia.
Todos: Jesus, toma a minha vida, a minha missão!

Ó Deus, que enviastes Jesus Cristo, sentido dos nossos passos, Ressurreição e Vida, fortalecei-nos na missão de O anunciarmos aos nossos Irmãos.

V. Maria, Rainha das missões
V. Dai-nos muitos e santos missionários!